DIVULGAÇÃO no blog “CONSTRUINDO ESTANTE"

14-09-2019

DIVULGAÇÃO no blog "CONSTRUINDO ESTANTE" de Eliana Cerqueira (14 de setembro de 2019)

A leitura sempre esteve presente na sua vida, mas "a escrita surgiu de uma forma espontânea, através do "Facebook". Era nesta rede social que Pedro Vale escrevia diretamente, sem passar para o papel, os textos que produzia. Então, entre março de 2016 e setembro deste ano, decidiu recolher tudo aquilo que escreveu e depois, em três meses, esteve "a trabalhá-los até dar origem ao livro". O autor garante que "não há um fio condutor, não há um tema", contudo, "há um sentimento, uma espécie de mensagem que é também preciso ler e reler algumas vezes para entrar no universo do livro". "Acaba por ser um apelo às sensações das pessoas". Segundo Pedro Vale, o livro "é também um bocadinho autobiográfico".

O livro é formado por vários poemas, cada um escrito de maneira única, e em formatos diversos. Um ponto que chamou minha atenção foi a organização usada nos textos, o Pedro Vale nos faz "dançar" com cada poesia criada por ele, que brinca com as palavras e nos traz diversos sentimentos durante a leitura.
Não costumo ler muitos livros do gênero, mas gostei da forma que algumas poesias foram escritas. Trata-se de um livro curto, possui apenas 76 páginas, que precisei reler para entender verdadeiramente os sentimentos de alguns poemas.

Eliana Cerqueira

...

Talvez um dia recordes

num qualquer espelho torto

quão simples fora a tua salva

e te lembres daquela vez

em que ceáramos apenas meia

laranja e nada de pão naquela casa cega 

com o telhado a verter lágrimas

de fel. 

...

Porto


a poesia vai

pela rua,

nua.

esconde-se

nas manhãs mais

frias.

e é à noite que lhe foge

a voz.

lenta

e lenta,

lentamente,

até

desembainhar

na

f

  o

      z

...

Pedra


O cavaleiro,

símbolo maior,

Regressa do bosque:


Punhal, corola d'espinhos,

Amante docemente assassinada,

Canteiro de inúteis, selvagens papoilas.

Porta entreaberta, treva do livro, argiloso feno.

Coração que arde ao colo da casa,

Respingada cabeça de chuva.


Triste delírio do cisne vão.

A dor caindo lentamente.

Sonho desfolhado, trevo,

Faúlha, corpo e chão.

Dia último, espuma.

Anoitece aqui,

Pedra. 


Pedro Vale


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