CRÍTICAS

20-12-2017

Neste lugar estão disponíveis algumas críticas realizadas aos textos do livro AZUL INSTANTÂNEO.


O primeiro pensamento que salta, com entusiasmo, após a leitura de Azul Instantâneo é o de que este é um livro que se destaca. Com o intuito de nos levar numa viagem pela sua mente (invadida pelo azul do sonho, suspeito), Pedro Vale constrói este livro, composto por fragmentos tão diversos e distintos, oscilando entre o sombrio e o celeste, que nos revelam, na perfeição, a multipolaridade da caneta do autor. Encontramos desde caligramas criativos - e, sobretudo, misteriosos - e poemas corridos que remetem vaga, mas imediatamente, para Lydia Davis até poemas de temáticas com as quais o leitor se identifica facilmente e outros abstractos, levemente tangíveis, que parecem deixar tanto por explicar.
É uma composição coberta de camadas que podem ser perfuradas, como o autor diz, através da re-leitura - re-leitura esta que vale, sem sombra de dúvida, a pena.

Inês Morais

(25-5-2020) 


"Boa noite Pedro,Tudo bem?Li seu livro e gostei bastante dele. Acho que você tem uma visão fina sobre a realidade, uma boa habilidade de quebrar os signos da comunicação e as imagens do banal e coisas novas e um tanto inesperadas.Não sei se sou um bom crítico de poesia, porque não foi o que estudei no mestrado, graduação e antes (foi romance e comparada de romance e história), tanto é que agora, quando comecei a achar que minha poesia um tanto instintiva precisava ser aprimorada. Tem muita gente famosa aí, alguns de editoras grandes, que escrevem umas coisas que eu leio e penso:"Hm? Que merda hein!"Talvez seja a falta de letramento crítico em poesia e eu precisasse ler toda aquele papagaiada da nova escola de Frankfurt, e o Agambem e o Derrida, o Deleuze e até quem sabe a autobiografia da Madona para entender, e, bem, tudo certo, é a postura do autor, exigir tanta coisa assim de seus leitores.Fico pensando inclusive, porque a poesia precisa ser tão exigente e complexa e intransponível. Mas digamos que esses autores eu adio até que tenha já lido aqueles que, de bater o olho, já vejo uma identificação.Digo que é o caso aí, seu hermetismo poético - que vejo como extremamente necessário para a poesia não ser um panfleto de qualquer ordem - não me pareceu intransponível. Acredito que você tenha um poder de comunicação literária que fala a classes sociais diversas e isso, para mim, já é um ponto bem positivo num livro.Um livro que você lê e lá percebe alguma coisa sobre o mundo, algum texto que muda a linguagem do mundo de alguma forma, mas que não seja fechada em uma redoma de vidro e torre de marfim de estética instransponível: a poesia boa, para mim é isso, e isso vi no seu livro. Digo, o Drummond, o Namora, a Angélica Freitas: você lê e fica com umas dúvidas, mas não tantas que você não consegue tirar dali algo que faz você perceber o mundo, sabe?Espero ter encorajado você de alguma forma! Para trocar mensagens, leituras, aqui estamos!Às ordes caro Pedro! É um grande livro, o seu. Abraços fraternos!

Lucas Grosso (escritor)

(27-9-2019)


"Com uma doce responsabilidade eu leio no momento o belo livro Azul Instantâneo do Pedro Vale, de Portugal. O nosso delicioso idioma espalhado por este planeta azul mostra que tem o vigor de um jovem e a sabedoria dos primeiros milagres da vida a surgir lá nos primórdios. Quando conhecemos novos talentos tão inspirados e atentos ao tempo temos a certeza de que a arte, só a arte tem as chaves para salvar o futuro. Vida longa ao livro Azul instantâneo!

Laércio José (Contagem, Minas Gerais, Brasil)

(21-8-2019)


"O Azul Instantâneo é um livro fortemente imagético e os textos são de uma tessitura elaborada com a sutileza do mistério da resignificação que a imagem intenciona."

Wanda Monteiro (escritora brasileira)

(25-2-2019)


Seu livro até que é grandinho, hein?
Já li o bastante para ter uma ideia da sua pegada.
Muito interessante esse bric-à-brac de textos que se lêm sem pestanejar.

António Torres (escritor de Petrópolis, membro da Academia de Letras do Brasil)

(28-2-2019)


Li seu livro e gostei, não só do conteúdo como também da maneira do escrito. parabéns amigo!
Adorei as diversificações dos conteúdos e a maneira da escrita nas páginas, muito moderna!

José Armando Rodrigues de Sousa (jornalista e membro da Academia de Letras de Barreirinha, Maranhão)

(28-2-2019)


O azul é a cor mais difícil de se encontrar na natureza, é uma raridade, próxima da poesia do Pedro. Porém o que mais me agrada na sua escrita é a espontaneidade dessa raridade, como um suspiro sentimental, involuntário mas inevitável, como um " azul instantâneo " difícil de se achar, mas impossível de se ignorar quase se vê e sente."

Hernani D'Almeida (guionista)

(28-2-2019)


"Nobre poeta Pedro; estou encantada com sua obra!
Parabéns!!E me pergunto o que dizer de tão lindos versos??!!Viajei na poesia contemporânea
Na poesia verdade;
no amor em suas variações... crianças, família, natureza.Vi a arte em todo contexto.Só lamento não ser a pessoa mais indicada para falar de sua obra, mas amei viajar no Porto.
Me senti em Portugal.Muita emoção.Você tem um lado crítico
Realista
Ama a poesia como se ama o amorEntão, obrigada mais uma vez pela confiança à mim dedicada!
Fiquei honrada em ler seu livro e lhe desejo sucesso de vendas.Boa noite e até breve!"

Elisabeth Gliceria da Conceição (poetisa de Belo Horizonte)

(01-3-2019)


"Livro que se transforma num comboio. Em cada paragem uma história. Entram desconhecidos que se observam uns aos outros tentando decifrar uma história ou uma poesia em cada olhar. O mistério do desconhecido misturado com a realidade física das coisas e dos seres. O autor é apenas o maquinista."

Duarte Luz  (declamador de poesia) 

(02-3-2019)


A obra "Azul Instantâneo" (2018) por Pedro Vale apresenta-nos um conjunto de poemas, o qual constitui o primeiro passo na sua carreira literária enquanto autor que publica um livro. E este início é auspicioso, com um grafismo simples e alguns, poucos, poemas também em Inglês.

O olhar encarrega-se de nos guiar ao longo destas páginas com a suavidade com que os nossos olhos percorrem uma pena caída, vinda de uma ave dependurada num ramo de árvore alta, numa tarde soalheira e promissora de Verão. O que quero dizer é que este passeio visual não só é agradável como é imersivo; somos levados para recantos do nosso sentir que julgamos inexistentes. Poesia é também esta experiência dos sentidos.

Uma das grandes linhas de identidade da poesia por Pedro Vale é sem qualquer margem de dúvida o aspeto visual, quase gráfico, não sendo só o significado léxico/semântico que aqui importa referir. A comunicação desta segunda dimensão, visual, remete-nos para o simbolismo do qual Fernando Pessoa foi um dos precursores em Portugal. Todavia, estes poemas comunicam algo de novo e muito intrínseco ao autor, que vive na Ilha da Madeira; frequentemente, quase se cheira a maresia, pois o mar, numa vivência muito particular, está enraizado nestes textos. Sente-se um amor às ondas nas curvas dos poemas, uma espuma de sentimentos que nos oferece um simbolismo renovado, fresco com algo do século XXI ainda por definir e identificar perfeitamente, porque, o tempo ainda não passou o suficiente para o podermos nomear sem margem para dúvidas.

A outra linha identitária nesta poesia são as reflexões relativas a momentos no tempo, nos quais existem sentimentos mais raros, algures entre a nostalgia e o encantamento. É uma poesia em evolução estilística que nos faz acreditar que o autor sentiu apenas de forma imaginada, alguns dos sentimentos que por vezes descreve. Esta constatação enquadra o autor numa categoria de escritores que oferecem uma poesia, por um lado, não inocente e, por outro, que "pisca os olhos" à prosa, pois que por vezes parece descrever uma cena de uma história, também ela com passado e futuro, que nunca conheceremos, a não ser que em futura edição o autor se aventure na escrita de contos ou, quem sabe, na escrita de um romance curto. Uma sugestão a considerar seriamente.

Neste contexto, não só recomendo a leitura deste livro como aqui confesso que, após a sua leitura, queria mais, porque resta a sensação que há mais, haverá muito mais, além desta obra, tal qual há mais, imensamente mais, numa costa em cujos navegadores chegam pela primeira vez às areias brancas da praia que "aconteceu" estar ali.

Rui Carvalho (Organizador do Concurso Literário Internacional "Natureza" e Critico de Arte)

(24-1-2019)



Partindo do princípio que é preciso conhecimento para o discurso fluir, e não tendo essa sabedoria ao nível da linguística, da semântica, da literatura..., pensei, como corresponder a este desafio de "dizer umas palavrinhas" sobre o Azul Instantâneo, de forma honesta e com o mínimo de interesse?

Olhando para esta ilustre plateia e para estes dois antigos alunos que me deram o privilégio de os acompanhar na mesa, sinto o peso da responsabilidade de não fazer fraca figura e não defraudar as expectativas do Pedro. Daí que tenha pensado, vou procurar dar realce aos afetos, aos sentimentos, à geografia desta oferta, não de uma madalena, ao mar e lembrar...

Lembrar que este livro é, antes de mais, uma partilha de estados de alma com cada um dos leitores, interpelando-nos de forma diferente, consoante a nossa sensibilidade, o nosso Azul. Um azul que de instantâneo, no sentido de efémero, passageiro, não terá certamente nada. Aliás a capa assim o demonstra, na medida em que a cor se intensifica, qual farol a guiar esta viagem pelo azul do mar, do firmamento, das plumérias, das bicas poéticas (para a mesa 7), dos olhares, das latitudes, objetivas e subjetivas... Sempre a Geografia... nos elementos da página 7 (montanhas, vento): poema aquece, acalma, relativiza, serena; a insularidade, o ambiente tropical; a montante, as emoções da poesia que vai pela rua nua (pag. 13), a jusante, novamente as emoções... Ebulição ou palavra-sopro? (pag. 15 e 17). E novamente a Geografia, nas ondas e marés "cresce a espuma rebenta o som"(pag. 20), tempestade ou naufrágio (pag. 24), o enigma, a analogia do sol e do riso (pag.27), a longitude (pag.32), a toalha meridional, memória e vento soalheira (50), setentrional. E, do jardim árabe, ao conforto árabe, procuro nas ventrechas das frases sem fim, o nexo algum do início do pensamento...

O rio não corre, só o pensamento...

Sempre os afetos, as emoções, notas poéticas de outras geografias. A subjetividade da interpretação, qual D. Quixote e Sancho Pança, no poema de António Gedeão "Impressão Digital" "Vês moinhos? São moinhos. Vês gigantes? São gigantes.

Com muito carinho e um orgulho imenso,

Elódia Canteiro (Professora de Geografia)