PUBLICAÇÃO no Blog DIVERSOS AFINS - entre caminhos e palavras 

01-05-2019

PUBLICAÇÃO no Blog DIVERSOS AFINS - entre caminhos e palavras  - Janela Poética II, de vários textos de poesia do livro AZUL INSTANTÂNEO

É preciso viver sem paixões.

Permanecer morto ou vivo até o fim.

Mergulhar no absoluto anonimato,

Aclamar o tumulto escuro e bruto.

Encenar o drama clemente e lento.

Sentir um amor ideal por anjos nebulosos.

Descobrir um novo fundo de poesia e aguardar

uma voz que nos ordene docilmente:

- Não te movas, nem te inquietes,

nem traias o que

ainda não

és.

...

O poema aquece

as montanhas

quase sem voz

e relativiza a fúria

Inocente e letal

Do vento

...

Talvez um dia recordes

num qualquer espelho torto

quão simples fora a tua salva

e te lembres daquela vez

em que ceáramos apenas meia

laranja e nada de pão naquela casa cega

com o telhado a verter lágrimas

de fel.

...

Porto

A poesia vai

Pela rua,

Nua.

Esconde-se

Nas manhãs mais

Frias.

E é à noite que lhe foge

A voz.

Lenta

E lenta,

Lentamente,

Até

Desembainhar

Na

F

O

Z

...

Cisma

em mim um

conceito,

quase uma

ordem estabelecida.

- o desejo.

Quanto

menos o

pratico,

Mais

se manifesta e me

surpreende por

excitante e novo.

Glicínias.

...

Por vezes

Acontece entrarmos

Num maravilhoso jardim árabe

E sentarmo-nos logo ali

No primeiro banco de pedra lisa

Imaginando o azul do mar.

...

Hoje acordei com uma andorinha no estômago.

A noite era de tempo limpo e sono.

Sabia a quebra milenar, cabelo solto.

Nenhuma angústia, lei, mato ou víscera defronte.

O prédio seguia o seu curso normal de vida, espécie de abrigo impune.

Gineceu.

Observava sem capacidade estrelada o céu, quando a miúda astronomia me

Espantou a inocência.

A circular impressão se revelara.

Tal como no meu estômago, assim uma via-andorinha, se alongava, qual

fita emprestada, distraidamente, no ar.


Pedro Vale


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