RESENHA LITERÁRIA no Blog “DESDE QUE EU ME ENTENDO POR GENTE”
RESENHA LITERÁRIA no Blog "Desde que eu me entendo por gente" - Imersão Poética, de Raulino Júnior (31 de julho de 2019)

Na quarta-feira passada, 23 de julho, via Twitter, recebi o convite do escritor português Pedro Vale para resenhar o seu primeiro livro, intitulado Azul Instantâneo. Ele enviou o arquivo em PDF e, de imediato, embarquei na leitura. O livro, que reúne textos escritos entre março de 2016 e setembro de 2017, na página do Facebook de Pedro, é poético do início ao fim. E isso não é uma metáfora apenas, é fato. O leitor se depara, logo na segunda página da obra, com o verso "Ofereço". Na sequência, vários poemas, predominantemente ligados à poesia concreta, desfilam nas mais de 60 páginas da antologia. Na última, o verso "lembro". Então, o que se conclui é que Pedro oferece para o leitor as suas criações e faz questão de que ele lembre da leitura feita, de que perpetue e compartilhe aquilo que foi lido. Pedro quer ser lembrado.
Azul Instantâneo é repleto de poesias reflexivas, de tom filosófico. Na página 5 do livro, lê-se "Liberto a palavra e solto o pulso". Na 34, "O rio não corre,/Só o pensamento". Pedro fala de amizade, do fazer poético, de dificuldades da vida e toda a poética é costurada com muita introspecção. Em um dos poemas, o autor afirma:
...
"É preciso viver sem paixões.
Mergulhar no absoluto anonimato,
Permanecer morto ou vivo até o fim.
[...]"
...
Será que é possível viver sem paixões? Fica a reflexão. Em alguns momentos, a própria poesia é o foco dos textos:
...
Porto
a poesia vai
pela rua,
esconde-se
nas manhãs mais
frias.
e é à noite que lhe foge
a voz.
lenta
e lenta,
lentamente,
até
desembainhar
na
f
o
z
...
A maioria dos textos não tem título e Pedro traz poemas escritos também em inglês. A instantaneidade da obra se dá, além dos temas abordados, pela leitura rápida. Lê-se de uma sentada só. Há um evidente talento do escritor, ele consegue cumprir o que se propõe a cumprir. Sem grandes pretensões, Azul Instantâneo quer capturar o leitor e consegue fazer isso. A leitura é envolvente. Principalmente, porque a vida está presente o tempo todo no livro, para o bem e para o mal:
...
Talvez um dia recordes
num qualquer espelho torto
quão simples fora a tua salva
e te lembres daquela vez
em que ceáramos apenas meia
laranja e nada de pão naquela casa cega
com o telhado a verter lágrimas
de fel.
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